domingo, novembro 19, 2006

E porque o Natal está a bater à porta...

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Crianças estragadas?

Chega o Natal (por exemplo) e as crianças são inundadas de prendas... Até se torna difícil manter a ilusão do Menino Jesus ou do Pai Natal - para os que ainda acreditam, porque os mais crescidos, normalmente, tornam-se perigosamente calculistas...

Farão eles o que vêem os mais crescidos fazer?

No resto do ano, são os aniversários e o dia-a-dia, em que pouco lhes é recusado, face à insistência prepotente em que muitas crianças e pré-adolescentes são mestres, às exigências nunca recusadas e às "compensações" dos progenitores, trocando o tempo e o afecto necessários pelas recompensas materiais ditadas pela moda ou pelo capricho.

As crianças estragadas com mimos (materiais) nem se apercebem da sorte que têm!
Muitas aproveitam mesmo essa situação para fazer pirraça a colegas e amigos.

Em complemento, muitas, também, desenvolvem a crítica gratuita e fácil: torcem o nariz ao que lhes é dado e não praticam o reconhecimento pelo que devia ser a excepção e se torna a regra, o hábito...


A sociedade de consumo I

As crianças reproduzem o que vêem fazer (leia-se: "comprar"). O que os adultos fazem (quer tenham posses para isso ou não) é entendido pelos mais pequenos como um direito que também lhes assiste.

Se o adulto lidera pelo exemplo, e se o exemplo dado é o consumo...


A sociedade de consumo II

Muitos jogos e brinquedos já são concebidos para durar pouco (à imagem de muitos materiais e utensílios do dia-a-dia). Não se cultiva a solidez, a reparação, a durabilidade... Praticamente nenhum jogo ou brinquedo é concebido para passar à geração seguinte: são para "brincar" e deitar fora...

Para mais, o mercado é constantemente inundado de novidades e de marcas, às quais, pela pressão da moda ("Fulano tem..., Cicrano tem...") se torna difícil escapar.

Dizer não

Antes de o dizer às crianças, e para manter a coerência na acção, temos de ser nós, os adultos, a "praticar esta arte", a fugir do supérfluo e a questionar aquilo de que "precisamos", se "precisamos" e por que "precisamos".

É preciso saber dizer não às crianças - não a tudo, mas ao que se enquadra neste tema: o consumo indiscriminado e irreflectido: o "ter por ter" ou o "ter porque sim".

Se o adulto for, ele próprio, controlado, fica tudo mais fácil, e a criança habituar-se-á... Mesmo que custe um pouco, a princípio.
Vale a pena treinar os argumentos verdadeiros para dizer não. Cada um terá de encontrar os seus, mas não podem ser gratuitos ou apenas fruto do poder de ser o detentor do dinheiro...

Será preciso lutar contra (ou negociar...):
- Eu quero!!! (aos gritos ou não)
- Todos os meus amigos têm!
- Mas todos usam!
- Todos vão / fazem / ouvem / ...
- Mas não é caro... (este é difícil e combate-se, por vezes com o argumento da durabilidade e da utilidade)
E etc.


Princípios, princípios... E pistas

- Tal como já se disse, se o exemplo recebido dos adultos (os pais, normalmente) for coerente e se houver justificações /explicações sustentadas, claras e razoáveis... rebater os caprichos pode ser facilitado.

- É preciso criar a expectativa, estimular o desejo e promover o saber esperar.

- Fazer escolhas é também aprender a fazer concessões: uma qualquer lista de prendas pretendidas deve ser "analisada" e "tratada", antes de mais com bom senso.

- De caminho, tentar que a criança perceba de onde vem o dinheiro, como se obtém, como se ganha. E explicar também o que são e quais são as despesas fixas. Dar exemplos.

- Para compreender o valor do dinheiro, nada como tentar usar a mesada (ou a semanada) com estratégia... Mas depois não se pode "ser mole" com pedidos supérfluos. Por outro lado, pode-se estimular o "ganhar dinheiro" com tarefas extra... Por vezes obtêm-se bons resultados.

- Nunca cair no erro de negociar tudo em troca de dinheiro. As crianças têm de perceber que há tarefas que têm se ser "oferecidas" e partilhadas por todos.

- Nas mesadas ou semanadas, não cair no logro de dar adiantamentos... Promova-se o saber esperar...

- Para terminar: prendas e compras, sim, mas com conta, peso e medida!

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